“Cada coração conhece a sua própria amargura, e não há quem possa partilhar sua alegria” (Pv 14.10).

Certa vez, antes de um jogo semanal de futebol, notei que um dos rapazes chegou meio cabisbaixo, o que não era do feitio dele. Notando que havia algo de errado, perguntei o que estava acontecendo. Então, ele expôs ao grupo uma preocupação que estava tirando sua paz no que tangia aos seus planos relacionados ao futuro. Percebi que isso o estava afligindo bastante. Antes que eu pudesse dar uma palavra de conforto e encorajamento, outro rapaz disse: “Ah! É só isso? Vamos jogar bola que antes de casar você sara”. O rapaz foi, mas percebi que ele ficou decepcionado com o fato de o amigo não compreender a sua dor.

De fato, nossos sentimentos íntimos são particulares e pouca gente — ou ninguém — consegue compreendê-los. Por isso, Salomão afirma que “cada coração conhece a sua própria amargura”. Por mais que as pessoas tentem, não conseguem entender as preocupações e o sofrimento íntimo que o outro passa. Por isso mesmo, não conseguem fazer tudo que o sofredor precisa. O que vale para a dor, vale também para a felicidade, pois “não há quem possa partilhar sua alegria”. Ninguém comemora algo como aquele que pessoalmente recebeu razões para exultar.

Disso, podemos tirar duas lições. A primeira, mas não a mais importante, é que temos de ser cautelosos com os sentimentos dos outros. Podemos menosprezar a tristeza de alguém e causar mais dor, além de transmitir uma ideia de desprezo pelo que é importante para ele. Também podemos querer ajudar fazendo piadas do sofrimento alheio que somente ofenderão e piorarão a situação. Mas a lição principal é que somente Deus conhece nosso coração. Não adianta esperar das pessoas algo que somente Deus pode fazer. Assim, nossa esperança e até os nossos lamentos devem ser direcionados ao Senhor, pois somente ele pode nos consolar por completo por meio do seu amor e da obra do Senhor Jesus. Abra completamente seu coração para aquele que o conhece por completo!