“Prefiram a minha instrução à prata, e o conhecimento ao ouro puro, pois a sabedoria é mais preciosa do que rubis; nada do que vocês possam desejar compara-se a ela. ‘Eu, a sabedoria, moro com a prudência, e tenho o conhecimento que vem do bom senso. Temer ao Senhor é odiar o mal; odeio o orgulho e a arrogância, o mau comportamento e o falar perverso’” (Pv 8.10-13).
Li na Internet uma pergunta que questionava qual dentre dois benefícios — dinheiro ou sabedoria — produziria maior conforto na velhice. Vários internautas deram sua opinião, mas uma delas chamou minha atenção. A resposta dizia que a sabedoria era obtida ao longo de toda a vida, de modo que se a pessoa exercitou a sabedoria que foi adquirindo no seu processo de crescimento, inevitavelmente também fez suas reservas financeiras sabendo que um dia precisaria delas. Porém, um rico tolo acaba perdendo seus bens e a sabedoria que poderia obter, ficando sem nenhum dos dois na sua velhice.
Ao que tudo indica, Salomão saberia responder essa pergunta, pois sabia o que valia mais. No capítulo em que personaliza a Sabedoria, ele a vê dizendo: “Prefiram a minha instrução à prata, e o conhecimento ao ouro puro, pois a sabedoria é mais preciosa do que rubis”. Nessa queda de braço de valores, a instrução sábia baseada no conhecimento revelado pelo Senhor vale mais que ouro, prata e pedras preciosas por causa dos benefícios perenes que ela traz. Por isso, o escritor afirma que “nada do que vocês possam desejar compara-se a ela”. Esse é um golpe muito forte na ganância das pessoas, pois mostra que valores financeiros não se comparam aos valores espirituais que o verdadeiro conhecimento do Senhor pode conferir ao servo de Deus. A partir de então, a Sabedoria passa a discorrer — até o v.21 — sobre suas qualidades e as razões pelas quais ela deve ser mais buscada e desejada que riquezas e poder desse mundo. Apesar de serem muitas qualidades, as duas primeiras se destacam e dão o tom das demais.
A primeira qualidade da Sabedoria é a capacidade de tomar as decisões corretas, pelo que diz de si mesma: “Eu, a sabedoria, moro com a prudência, e tenho o conhecimento que vem do bom senso”. Isso quer dizer que o sábio não age de acordo com impulsos explosivos, impressões subjetivas ou sentimentos duvidosos, mas por verdades que aprendeu e pela obediência ao seu Senhor. A segunda qualidade que justifica o alto valor que a Sabedoria tem é seu antagonismo ao pecado, de modo que explica que “temer ao Senhor é odiar o mal; odeio o orgulho e a arrogância, o mau comportamento e o falar perverso”. Isso significa que não é possível amar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo, nem buscar a Deus e aos próprios desejos pecaminosos. O sábio se aproxima tanto do Senhor que seu afastamento do mundo é natural, tornando-o alguém diferente dos perdidos, por mais bem sucedidos que pareçam ser. Por isso, você precisa definir muito bem o que prefere: se Deus ou à cobiça do mundo. Sua escolha produzirá reflexos nessa vida e na próxima. Leve essa decisão muito a sério!